Presídio não, não e não!
Churchill é que tinha razão, a democracia é a melhor ideologia política, mas é a mais hipócrita do mundo. A democracia na essência é o governo do povo para o povo, no Brasil no entanto é diferente, é o governo dos políticos para os políticos.
Falando sério, a região dos municípios Carmo, Sumidouro, Serra do Pião, Botafogo, fazendo divisa um lado com Friburgo e o outro lado com Além Paraíba, grandes produtores de ervilha, tomate, aipim, beterraba, cenoura, cáqui e outros. Produtores de leite como meu amigo Zuza, que levanta de madrugada para tirar leite. Ele e muitos outros produtores de leite importantes na região.
Para resolver esta situação, somente políticos sérios, importantes, como Dorneles, mineirão como eu , o qual foi muito votado em Sumidouro. Independente de partido, Antônio garotinho que asfaltou a Serra do pião; Glauber que tem uma faixa em frente a rodoviária de Sumidouro e por fim Pezão, candidato à governador do estado do RJ, de quem sou fã e vou votar.
Gente, socorro! Não permitam que o patrimônio fazenda Teixeira Brandão seja transformado em presídio .Pelo exposto e a grande capacidade agrícola da região, é muito mais lógico que a fazenda seja entregue a " EMBRAPA" para pesquisas e atendimento aos produtores da região.
Os pequenos e médios produtores dependem muito dos trabalhadores, pessoas pobres que trabalham na capina e nas épocas de colheita. Existe pobre nessa região, mas é uma pobreza digna, isenta de miséria e de muito pouca violência.
A efetivação do presídio fatalmente trará violência, tráfico de drogas, podendo desempregar na lavoura, levando muita gente para apinhar-se nos morros cariocas.
domingo, 1 de dezembro de 2013
segunda-feira, 4 de novembro de 2013
Cula morava em um sitio de nome Pouso
Alegre, situada em planalto pequeno com uma casa de madeira com oito cômodos. Na
parte dos fundos tinha dose pes de jabuticaba, na parte da frente a uns cem
metros abaixo passava uma estrada de terra. Se alguém passasse na dita estrada
e não observasse bem, não notava a existência do sitio.
Cula era descendente de italianos que
vieram para região em outras épocas. Magro, alto, bigodão preto, falava muito
alto e de uma tremenda energia, pegava uma cachaça de respeito. Moravam com ela
sua esposa Raisa, seus filhos Isabela, Geraldo, Pixot e Berod.
Cula trabalhava na fazenda do Senhor Américo
que era dono do sitio onde ele morava, ele e seus três filhos homens
trabalhavam na lavoura de café. Acordar as seis horas da manha na dita casa,
sol despontando no alto do morro, as maritacas, arapongas, sabias, trinca –
ferros, canários e outros compunham a sonora orquestra. O perfume que exalava
das flores das jabuticabeiras, o cheiro do café que vinha da cozinha era a
coisa mais gostosa do mundo.
Cula e seus filhos levantavam todos os
dias as seis da manha e iam para a lavoura de café, enxada nas mãos, engatavam
na parte de baixo, cada um em seu beco do cafezal. Cula era sempre o primeiro a
chegar no ultimo pé de café, acendia seu cigarro enquanto esperava a chegada
dos outros. Na capina do café trabalhavam outros empregados que não eram de sua
família, um desses empregados tinha um apelido esquisito, “ Três Contigo “.
Enquanto todos os empregados já tinham chegado no final, ele ainda estava no
meio do eito.
Cula gritava
:
Três! Acende
o pito, bota fogo na caldeira se não você não chega.
No fim do dia todos iam para um barracão
que existia embaixo da lavoura, onde se encontravam, trocavam de roupa e
deixavam suas enxadas. Apesar da gozação, os dois eram amigos, pois eram sócios
da mesma garrafa da “ mardita “.
Todos os dias
quando Cula e seus três filhos chegavam em casa, ele gritava:
Bela! Bela!
Porca Miséria! Cadê a garrafa de cachaça que estava aqui?
Bela gritava:
Não tenho
culpa se você compra garrafa furada. Foi a maior gozação, os três filhos foram
saindo correndo para rir lá fora no terreiro e Cula muito bravo gritava:
Ainda mato
essa “ maledeta “.
Bela era quem cuidava do estoque de
cachaça do pai, apesar de toda a gritaria, ele amava muito sua filha.
Cula e seus três filhos levantavam cedo e
iam pra sua rotina na lavoura, a tarde desciam para o dito galpão que era
controlado por um casal: Valerão e Birda.
Birda, morena alta, cabelos pretos e
cumpridos, olhos grandes e pretos. A mulher fazia Cula ficar vesgo e seus
filhos encarnavam na gozação:
Mama Raisa é
brava.
Birda que era um violão ou mais que um “
violão celo “, perturbava a vida de meia dúzia na região.
Cula e seus filhos para não negar a raça,
eram bons músicos. Nos finais de semana de sexta para sábado, estavam sempre
nas varandas das fazendas mais próximas e nos botequins, como dizia ele,
fazendo a alegria e felicidade dos poverellos.
Faziam parte da banda, Cula no acordeom,
Pixot e Berod tocavam violão e Geraldo no cavaquinho, atuando sempre nos
fandangos da vida.
A Vida continuava, as idas e vindas das
lavouras, em um final de semana, sexta feira, chegaram em casa os quatro muito
cansados, cama pra quem te quero. Sábado, sol alto, oito horas da manha, acordão
todos de cara amaçada.
Cula, o
primeiro a acordar, grita:
Porca
miséria, isso é hora de acordar!
O café já estava na mesa em um silencio
que só se ouvia o barulho da chaleira fervendo no fogão. Todos tomaram seu café.
Geraldo, o primeiro a sair da mesa, acende seu cigarrinho e foi logo dizendo:
Hoje não
quero ver nem sombra do cavaquinho.
Cula resolveu
mudar a rotina:
Que tal
agente sair para caçar?
Os três vibraram e começaram a organizar a
matula. Pegaram as três armas empoeiradas, fizeram a limpeza. Todas brilhando,
uma carabina papo amarelo, um rilfe e uma espingarda de dois canos de carregar
pela boca. Pegaram as cartucheiras, o cantil, pólvora e munição, emborna para
suprimento de um dia de caça.
Já era meio dia quando saíram de casa,
armas a tira colo, emborna pendurados nos ombros, desceram o caminho de casa e
pegaram a estrada das paineiras, seguiram por um trecho que tinha muitos bois
pastando, atravessaram o rio, seguiram um caminho estreito em um terreno plano.
Logo em seguida, começaram a subir o
caminho cercado por carreiras de café dos dois lados, a épocas era da florada,
os pés de café estavam branquinhos, as flores com o calor do sol perfumavam o
caminho, continuaram subindo ate chegar a fazenda do Senhor Jordelino, pois
teriam que passar ao lado da casa pra chegar a mata, continuaram subindo, chegaram
ao terreirão da fazenda, os seus amigos de enxada estavam todos esparramados,
uns encostados em um carro de boi, outros em uma pedra ao lado do terreiro.
Quando viram aquelas quatro figuras com as
armas a tira colo, mais os sacos de matula nos ombros, começou a gozação.
Zeca um dos
seus amigos da lida nos becos de café, gritou bem alto:
Senhor Jorge será
que eles estão indo para guerra?
Senhor Jorge
respondeu:
Foi declarado
a guerra do contestado e agente não sabia.
Gozação a parte, já eram mais de doze
horas, dia de sábado, fogão a lenha fazendo fumaça na cozinha, o cheiro
chegando onde eles estavam.
Cula muito
esperto reclamou:
Esse negócio
vai ficar só no cheiro?
Senhor
Jordelino que era uma pessoa muito alegre e prestativa, gritou alto:
Vamos para
cozinha que a comida esta esfriando.
Todos subiram para a cozinha, Cula entre
um gole e outro, comia as por petas, angu frito, broa de milho salgada, costela
de porco e uma variedade de carnes a escolha. A comilança durou umas duas horas
ou mais, ate que Geraldo lembrou da caçada. Pegaram os sacos de matula,
levantaram acampamento, despedida, mais gozação:
Senhor
Jordelino disse:
Cula o que
você conseguir caçar eu aço no dedo.
Já era mais de quatro horas, começaram a
subir entre as carreiras de café, distancia de uns quinhentos metros, terminado
a subida no trecho do cafezal, entraram no verdadeiro espaço da mata. Facão na mão
cortando galhos, cipó, arranha gato, contornado pedras, chegaram a um local de
arvores muito grandes, seis e meia da noite, já estava meio escuro, quando
escutaram uma barulhada na copa de uma das arvores. Eram os jacus chagando para
dormir, Geraldo engatilhou a espingarda, mirou e atirou em um dos jacus, a
única coisa que conseguiu foi espantar os bichos que voaram para o alto da
mata, eles subiram mata a dentro perseguindo os bichos nada conseguindo, com o
tempo que levaram, noite muito escura, procuraram um espaço ao lado do tronco
de uma arvore, acenderam um fogo e dormiram ali.
No dia seguinte acordaram com o sol
brilhando por entre as folhas das árvores, a barulhada do trilhar das
arapongas, o canto dos merros e outros como maritaca e papagaios. Levantaram e
tomaram café, apagaram o fogo do chão onde eles dormiram, pegaram suas armas e
saíram pela mata para continuar a caçada. Começaram a subir por uma trilha
entre árvores, muitos troncos secos, arranha – gatos (e um cipó cheio de
espinhos ), umas duas horas subindo quando de repente começaram a ouvir uma
barulhada que vinha da copa das árvores, era um casal de monos ( macacos
típicos dessa região ), os três pegaram suas armas e saíram atirando nos
bichos, o que conseguiram foi espantar os macacos que partiram pela mata acima
levando os três a se embrenharem pela
mata a dentro já sem rumo e completamente perdidos. As horas passaram,
anoiteceu, procuraram um espaço embaixo de uma árvore, acenderam um fogo e ajeitaram
tudo para dormir.
A noite não das melhores, da meia noite
para a madrugada, as uiaras ( animal típico da região ) começaram a uivar bem
perto do acampamento, logo em seguida silêncio total, as uiaras sentiram o
cheiro de uma onça e desapareceram. A situação piorou, a onça começou a uivar
envolta do acampamento, resultado, não conseguiram dormir. Cheios de fome, pois
não tinham comida, o dia clareou, juntaram as trapizongas, pegaram as armas, saíram
em frente para um dia perdido na mata. Acharam uma pequena trilha e foram
seguindo, quando escutaram uma barulhada que parecia trovoada, ficaram parados
protegidos junto ao tronco de uma árvore. A barulhada que eles estavam ouvindo
era de uma manada de queixadas ( porco do mato ), bichos subindo mato acima,
Cula mais os três partiram atrás da manada dando tiros para todo lado, o que
eles conseguiram foi espantar os bichos que subiram para mata desaparecendo do
alcance deles, cismaram que tinham acertado um dos porcos, ficaram muito tempo
procurando, o dia já estava escurecendo, cansados e com fome, resolveram parar
para dormir, andaram mais um pouco, quando encontraram um jequitibá, árvore
muito grande com diversos espaços entre as raízes, onde poderiam dormir
protegidos do vento e do frio.
Passaram uma noite tranquila, acordaram
no dia seguinte já com o sol alto, pegaram suas armas juntaram todos os trens e
saíram por uma trilha sentido direita na mata, andaram umas duas horas, quando
começaram a escutar um barulho de agua, era uma pequena cachoeira, Cula deu uma
parada, acendeu seu cigarro de palha e disse:
Já não
estamos perdidos, vamos descer seguindo a agua da cachoeira!
Levaram umas quatro horas descendo,
quando clareou, já saindo da mata, desceram um pouco e encontraram um cafezal,
desceram por entre a carreira do cafezal, encontraram um espaço que parecia ter
sido capinado a pouco tempo, pararam ali para dar um descansada, arriaram as
mochilas, enquanto estavam fumando, Geraldo já estava apagando seu cigarro,
quando viu uma coisa acinzentada por entre dois galhos de um pé de café.
Curioso levantou, pegou, tinha um volume de mais ou menos 500g, pegou um
canivete e começou a cortar a parte acinzentada que era mofo. Logo tudo cortado
descobriu que era angu, dividiu em quatro pedaços, com a fome que estavam,
comeram e disseram que era o angu mais gostoso do mundo.
“Vamo
levantar, arubu voando baixo”!
Começaram a descer logo em frente saíram
do cafezal, pegaram um trecho de pasto, atravessaram uma cerca de arame
farpado, começaram a ouvir latidos de cachorros, engenho de cana de açúcar situado
abaixo, o cheiro de garapa quente que o vento trazia ate eles, provocando ainda
mais a situação de seus estômagos vazios, sonhando com as por petas e o
macarrão da mama.
Desceram o resto do caminho no pasto,
atravessaram um pequeno ribeiram, seguindo por uma rua ao lado de um pequeno
colégio, encontraram o Gere Mário no meio de um monte de crianças, gritando:
“Iscriança a
aula já deu pispio”!
Cula e seus
filhos deram muitas risadas com a alegria da criançada. Seguiram em frente e
chegaram na casa do seu amigo Ninguém, bateram palmas na porta, seu amigo
aparece e diz:
Que sumiço!
Por onde vocês andaram?
Não pergunta,
o negocio é que estou com muita sede! Diz Cula.
Ninguém não
deu nem muita bola, Cula batendo na cangalha para burro entender, disse:
Estou com a
goela seca!
Ninguém
entendeu o recado e disse:
Tinha uma
garrafa, mas a jabiraca da minha muié jogou no rio!
Na casa de seu amigo tinha umas mantas
de carne seca que eles comeram uns pedaços e seguiram para casa. Levaram uma
hora ate chegar em casa, na subida do caminho quando apareceram no terreiro na
frente da casa, Bela e Raisa avistaram os quatro, gritaria de alegria.
Madre cita
mia! Dizia sua mulher, sua filha não sabia se ria ou se chorava, com toda
aquela barulhada, Cula deu uma parada e gritou:
Chega!
Estamos cansados e com muita fome.
Em seguida desceram o caminho e foram
tomar banho no rio. Ficaram uma hora se banhando. Enquanto esse tempo, Raisa e
Bela prepararam a comida com todos os pratos que eles gostavam. De banho
tomado, subiram, todos a mesa, almoçaram a vontade, contaram as historias da
caçada, muita gozação e risadas.
Terminado o almoço enquanto Cula
descansava e pitava seu cigarro em um canto da casa, Geraldo e seus irmão
ouviram risadas do fundo do terreiro onde estavam as jabuticabeiras, correram e
se aboletaram embaixo dos pés de jabuticabas, e ficaram olhando para cima
enquanto Bela e suas quatro amigas da família dos Vilhenas, meninas de quatorze
e dezesseis anos, chupavam jabuticabas no alto das árvores. Bela notando que os
três malandros estavam olhando as pernas das meninas, fez uma gritaria e Cula
ouviu e veio em socorro botando os três para correr.
Situação resolvida, moral estabelecida,
as quatro loirinhas da família dos Vilhenas, despediram de Bela levando um cesto
cheio de jabuticabas para fazer licor. Passaram – se seis meses e Cula resolveu
mudar para outro lugar, um final de semana, sábado, foi a fazenda do Senhor Américo
para comunicar as razões da sua decisão. Na chegada foi recebido por uma porção
de gansos fazendo uma barulhada no terreiro da casa, ouvindo todo aquele
barulho o Senhor Américo chegou na varanda e recebeu Cula, aperto de mão,
alegria, começaram a conversar, muitas risadas relembrando situações durante os
dez anos vividos e muito comemorados. Começando a conversar mais serio, Cula
informou a sua decisão da mudança, o Senhor Américo lamentou muito a perda do
convívio do amigo e do trabalho que os quatro prestavam na propriedade.
Continuando a conversar, o Senhor Américo
falou da falta de empregados, pois a maioria não queria nada com o trabalho,
estava todo mundo indo para a cidade. Cula deu uma risada e saiu com essa, o Getúlio
vai mandar a cimentar o Brasil lá de cima ate embaixo, vai botar uma venda em
cada esquina para vender fiado. Cula despediu e já ia saindo quando o Senhor Américo
pediu por favor que mandasse dois de seus filhos a sua casa.
No dia seguinte de madrugada, os
apareceram na casa do Senhor Américo, a empreitada era fazer a entrega que ele
havia vendido. Cabresto na mão, pegaram o burro no pasto, trouxeram para o
curral, arriaram com uma cangalha, penduraram dois balaios, um de cada lado,
começaram a pegar os gansos para botar nos balaios. A tarefa era encher o
balaio de gansos de forma que o peso ficasse igual, balaios cheios de gansos,
em seguida costuraram com saco de estopa a boca dos balaios para que os gansos
não escapassem. Tudo arrumaram e sairam para levar os gansos, levaram umas seis
horas ate chegar ao barracão dos Mouras, que eram Tropeiros e Mascates,
entregaram os gansos, receberam o dinheiro do pagamento. Missão cumprida,
arrumaram os balaios na cangalha do burro e sairam de volta, passaram em uma venda,
começarm chourisso e beritaram um gole da boa, quando iam saindo do vilarejo
puxando o burro pelo cabresto, os dois balaios vazios, logo veio na cabeça dos
dois entrar nos balaios.
Entrou um em cada balaio, o peso estava
equilibrado, amarraram o cabresto no cabeçote da cangalha, o burro seguiu
sozinho de volta para casa. Com o balanço do balaio os dois dormiram, como o
animal já tinha bastante tempo na propriedade do Senhor Américo, sabia certo o
caminho de volta. Como a estrada estreita de terra era quase somente descendo, o tempo de regresso foi menor, levaram cinco
horas ate chegar a fazenda. Chegaram seis e meia da tarde e já estava escuro, o
burro abriu a porteira com o focinho, entrou e foi parar em um canto escuro do
terreiro, uma filha do Senhor Américo escutou o barulho do burro, chamou o seu
pai e foi ver o que estava acontecendo.
A sena era o seguinte, os dois que
foram levar os gansos estavam ferrados no sono dentro dos balaios, o Senhor Américo
não perdeu tempo, pegou um balde cheio d’água e jogou nos dois, que acordaram
assustados, pularam dos balaios, muita risada, a encarnação nos dois foi longa,
para acabar com a gozação, os dois pegaram o cabresto, levaram o burro para um
galpão, desarrearam, guardaram as cangalhas, levaram o burro para o curral e
puseram milho no coxo, enquanto o animal comia a ração, desceram para o
terreiro, Senhor Américo da cozinha convidou os dois para tomar café, entraram,
fogão a lenha aceso, mesa posta, comeram polenta com sal, broa de milho, caneca
cheia de maiá ( café com leite ).
Satisfeitos, despediram – se do Senhor
Américo que agradeceu por tudo, em seguida foram para casa do pai. Semana
seguinte, Geraldo arrumou um carro de boi emprestado com seus amigos, com duas
juntas de boi para levar a mudança na estação de trem em Caiena. Carregaram os
móveis e todos os trens da casa, amarraram com as cordas.
Geraldo e Berod desceram com o carro
para estação, chegaram já meio dia, embarcou toda a mudança, pagou o valor do
frete, Geraldo seguiu com o mesmo trem para Muriaé e Berod voltou com o carro
de boi para casa. O trem que partiu para Muriaé com uma composição de dois para
passageiros e quatro vagões de carga, o trem desceu a serra pesado, chegando a Muriaé
já de madrugada quase amanhecendo. Geraldo tirou um cochilo no banco da
estação, acordou com a barulhada dos trens manobrando, levantou e foi tomar
café em botequim do lado de fora da estação, tomou café e saiu andando por uma
rua muito cumprida passando por muitas lojas comerciais, encontrou uma
barbearia, entrou e aproveitou para fazer as barba, tinha muita gente, muita
conversa, contador de piadas. Terminando a barba, começou a conversar com um
senhor pedindo que ele informasse uma pensão onde ele pudesse se hospedar por
uns dias. Prontamente informou que no final dessa rua um casarão, a pensão da
Dona Lorraine.
Geraldo foi ate o lugar informado e
acertou com a dona hospedar – se só com o café da manhã, ele saiu e andou por
uma porção de ruas, entrou em diversas lojas, já estava escurecendo, voltou
para pensão, pernoitou em seu pequeno quarto, levantou cedo no dia seguinte,
enquanto tomava seu café servido por três meninas que servia o café, aproveitou
a oportunidade para perguntar a que lhe estava servindo se não sabia de alguém
que tivesse casa para alugar, ela foi ate a copa falar com uma de suas amigas
que sabia de uma casa em um lugar um pouco longe, perto da igrejinha de São
Cristóvão, Geraldo saiu e foi perguntando por mais de uma hora, chegou a uma
praça em que estava localizada a dita igreja, encontrou com uma senhora que
morava ali perto que informou a casa que tem para alugar é aquela que esta do
lado das mangueiras grandes, o dono é o Senhor Geracino Breder que mora na casa
bonita ali do lado.
Geraldo foi ate a casa, conversou com p
Senhor Geracino que disse que era uma chácara que tinha muito pra fazer antes
de morar. Geraldo pegou a chave, entrou na casa com tudo que tinha pra fazer e
gostou muito, muitas árvores, a casa tinha uma cozinha grande, fogão a lenha,
ele voltou a casa do Senhor Geracino para entregar a chave. Ele disse:
Leva a chave!
Geraldo
perguntou:
E o aluguel?
Isto agente
combina outra hora, disse o Senhor Geracino.
Geraldo voltou ate a pensão, no dia
seguinte pagou o que devia e foi para a chácara, trabalhou e dormiu lá durante
toda a semana, no sábado, vestiu a roupa de missa, foi a estação de trem e
passou um telegrama para seu pai informando que a casa estava alugada. Na
semana seguinte, arranjou uma carroça e retirou os móveis que estavam no
armazém da estação. Com a informação da casa alugada, Cula, sua mulher, sua
filha Isabela e seus dois filhos, Pixot e Berod, embarcaram em Caiena com
destino a Muriaé.
Para Raisa e isabela a alegria era
muito grande, pois pela primeira vez viajaram de trem. A viajem corria
tranquila enquanto as duas curtiam as lindas paisagens e as paradas de estação
em estação, comprando quitutes e artesanatos que eram vendidos ao longo dos
trilhos e nas plataformas das estações.
Noite chegando, as luzes dos vagões a
base de carboreto sendo acesas, logo em seguida enquanto a turma cochilava, a
maria fumaça entrava na cidade apitando, apitando, espalhando fumaça para todo
lado e o barulho do sino. Já era mais de mei noite quando encostou na
plataforma da estação, muito barulho, os empregados das pousadas e hotéis e pensões
oferendo suas respectivas vantagens e pegando as bagagens e malas. Cula e sua família
desembarcaram meio perdidos, em todo aquele tumulto, quando encontraram Geraldo
que estava com uma charrete do lado de fora da estação. Em seguida levou todos
para nova casa, a chegada muito divertida, muita alegria, Cula gostou muito do
tamanho da chácara, com muitas ávores. Raisa e bela gostaram muito do tamanho
da cozinha que tinha um fogão na parte de dentro e outro na parte de fora em
uma varanda coberta que ocupava toda a estenção da casa.
Durante seis meses fizeram muitas
amizades com os moradores da redondeza, trabalhando no serviço pesado nos
sítios e fazendas da região, saindo alta madrugada e chegando à noite. Nos
finais de semana aos sábados, pegavam seus cavaquinhos e violões e faziam a
alegria da casa e de seus vizinhos, tocando na varanda da sua casa e na
pracinha que existia ao lado de sua casa.
Com o passar do tempo foram comprando
novos instrumentos, conhecendo outros músicos da cidade. Um botequim localizado
perto da sua casa onde costumava molhar a garganta com uma dose da boa,
conheceu dois amigos que eram músicos que passaram a fazer parte da pequena
banda. Começaram a tocar nos bailes, nas festas das igrejas e nos pequenos
clubes da cidade.
Passado um ano, conheceram mais dois
músicos da família Afonso Cesar que passaram a fazer parte do conjunto, ficando
a banda com oito integrantes. Com essa nova formação passaram a viver somente
da musica, tocavam no clube mais importante da cidade, fazendo shows nos clubes
das pequenas cidades da região, tocando nas grandes feiras agropecuárias,
ultrapassando as fronteiras do estado.
O clube da cidade que o acolheu, resolveu
fazer uma festa comemorativa dos sessenta anos da sua existência. O presidente
do clube convidou nada menos, nada mais que o cidadão adotivo Cula. A festa
tinha diversos conjuntos tocando, a banda principal que tocou ate o dia clarear
foi a do Cula, sendo homenageado no final recebendo cada integrante uma medalha
de ouro, sendo esta a historia de Um Italiano Nas Gerais.
Sete dias, sete noites
Sete noites de luar
Sete noivas namorando,
Numa noite de luar
Sete igrejas, setes missas
Sete noivas no altar.
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