quarta-feira, 4 de abril de 2012

A Enxada


Nos idos do final século XVIII a Europa estava falida o capitalismo era global, era total, na Itália surgiu o anarquismo, grupos de operários se organizando em sindicatos, os patrões revidaram, grupos clandestinos eram aliciados para eliminar todos os líderes anarquistas começando a matança e assassinando quase todos. Na Alemanha, a situação não era muito diferente, assolada pela pobreza a população só tinha para comer batata e repolho. Os espanhóis que anteriormente saquearam ouro e outros bens das Américas Central e do Sul estavam com o restante desses saques esgotados. Na Inglaterra, a situação não era muito diferente, mesmo bancando a monarquia gastadora e improdutiva, importavam quase tudo que consumiam, nesta situação começaram a imigrar para os Estados Unidos e outros países inclusive o Brasil. De Portugal não preciso falar, como todo mundo já sabe, eles já estavam aqui.

O Brasil sob o domínio dos portugueses, já passada a fase das capitanias hereditárias, começou a se organizar politicamente sob a regência dos Orleans e Bragança, com a força do trabalho escravo trazido da África. Por um grande espaço de tempo as caravelas aportaram nos portos do Rio de Janeiro e Santos em São Paulo, transformando os estados do Rio, São Paulo e Minas Gerais quase que em uma fazenda só.  

Com a abolição da escravatura em 1888, a falta de mão de obra barata e a crise na Europa, começaram a chegar ao porto de Santos os vapores com milhares de famílias italianas, que em seguida subiam de trem para São Paulo, para trabalhar nas fazendas de café produzindo quantidades excessivas sem nenhum controle de mercado, enriquecendo meia dúzia e empobrecendo milhares em consequência da falência. A partir dessa fase começaram a descobrir o estado de Minas Gerais, os ingleses e alemães começaram a explorar o ouro, que era muito, em seguida o minério de ferro e o manganês. Daí pra frente desenvolveram as minas trazendo o progresso para a região, surgindo grandes extensões de estradas de ferro para escoar o minério, mais precisamente para a Alemanha, começando assim a produzir os dois produtos de mais utilidades na época, a famosa enxada e o arado. As Minas Gerais por afinidade com os alemães começaram a importar os dois produtos muito mais a enxada, pois para a situação montanhosa do terreno onde os cafezais eram plantados, somente a enxada era a solução. Região muito grande e de muitas fazendas, por consequência com muitos  empregados que tinham na enxada o seu ganha pão, alguns deles com tanto apreço pelo seu instrumento de trabalho, tinham mais ciúmes da enxada que da própria mulher, pois sem a enxada eles não teriam dinheiro para manter a mulher.

Minas Gerais era o estado mais rico da federação, pela variedade do clima, um pé de café dura até 30 anos. Com o ferro e outros da mesma gama, na área das gemas como diamantes e outras, sendo a cidade de Theofilo Hotone famosa no comércio das mesmas.

Voltando a falar da situação do comércio no principio do século XIX, mais precisamente em 1929, o balado ano do crash das bolsas americanas e falência do capitalismo afetando muitos países inclusive o Brasil. A era petróleo estava no inicio, ainda não tinha a importância na área do comercio e da tecnologia, continuando assim a importância da enxada em quase tudo.

Diz o velho ditado que a fé remove montanhas, pois a enxada removeu muitas montanhas no Rio de Janeiro, São Paulo, Minas e outros estados. No Norte e Nordeste também ela andou por lá, mas como a terra é seca poeirenta não deu muito certo, mesmo assim com pouco uso ela anda por lá, mas como Deus é brasileiro deu ao Norte e Nordeste  lindas praias e  fartura de peixe.

Voltando para os tempos atuais, considerando que a enxada não esta na moda, entretanto representa um exemplo de trabalho, honestidade e dignidade, no trabalho dos mais pobres e no enriquecimento dos mais ricos.

Falando dos mais ricos, um candidato à presidência da Republica, que nunca trabalhou na vida, da oligarquia do batibute, só conheceu a enxada por fotografia. Outro candidato à presidência da Republica, que nunca trabalhou na vida, egresso das lideranças sindicais, se tocar numa enxada ficará cheio de urticárias.

Representando o instrumento em foco, trabalho honestidade e dignidade, sugiro que se fabrique um broche ou um bótom, e que todos os senadores usem na lapela do paletó, os da câmara alta e dos da câmara baixa, mais cama do que câmara que também obrigados a usar.

Um cidadão brasileiro que me faz sentir orgulho de ser brasileiro, professor Niemayer, tem certeza que se sentirá honrado em receber um broche da referida enxada, notadamente por toda sua incansável vida de trabalho e honradez.

Tenho Dito...